Thursday, November 12, 2009

Chocolate meio amargo

I got you babe, I call,
I call it chocolate love
Norul wonhe, gajilre
Dalkom dalkom oh chocolate love


Chocolate Love, SNSD & f(x)




Embora meu acesso à Internet dependa dos laboratórios de informática da minha faculdade, eu raramente uso o laboratório do meu próprio curso. Hoje, por algum motivo que eu nem lembro mais, resolvi ir até o mesmo. E deveria ter predito que coisa boa não sairia.

Cheguei lá e o funcionário responsável pelo laboratório não estava. Abri de leve a porta do laboratório e vi o que me parecia uma turma em aula lá dentro. Mas, como não tinha nenhum bilhete ou aviso de "estamos em aula" ou coisa parecida, eu dei a volta e fui espiar pela janela, pra ter certeza. O preguejar que eu estava mentalmente fazendo contra o funcionário do laboratório foi interrompido pela visão de cerca de vinte e cinco pares de olhos puxados dentro do laboratório. Era uma turma de português pra estrangeiros. Enquanto eu mentalmente babava em cima deles, ouvi uma voz falar do fundo da sala "Ok, meninas, vocês agora", e duas garotas foram pra frente da sala e começaram e começaram a falar num português carregado de sotaque enquanto arrumavam o powerpoint para o que seria uma apresentação. Comecei a correr os olhos pela turma, começando pelo fundo da sala pq o fundo estava mais perto da janela, analisando detalhes dos diferentes olhos puxados sentados ali (sim, eu posso ser extremamente cara-de-pau quando eu julgo ser preciso e/ou necessário). Até que, na primeira fileira (nerd we are), estava sentado alguém que eu não esperava ver tão cedo.

Para quem não sabe da história ou não acompanhou a história inteira: com o pretexto de ajudá-lo com português, sua humilde narradora puxou conversa com um aluno chinês do português pra estrangeiros semestre passado. Tudo ia bem até que o garoto subitamente desapareceu e, cerca de um mês depois, foi visto namorando uma aluna chinesa, também do português para estrangeiros. E era ele que estava lá em aula hoje, na primeira fileira.

Se eu ganhasse um real pra cada cara que some sem dar explicações, já teria um bom dinheirinho.

Em um primeiro momento, realmente me parecia bom falar com ele: afinal, o que mais uma otaku poderia querer além de seu próprio par de olhos puxados de estimação? Parecia realmente ter chegado ao ponto de se poder cantarolar Life Couldn't Get Better all day long.

Porém, eu estava me esquecendo de um detalhe extremamente básico, que porém se mostrou muito relevante conforme o tempo avançou mais: os alunos chineses/coreanos/japoneses que vieram para o Brasil estudar português acham que aqui eles terão algo melhor do que teriam no seu país de origem, enquanto um cérebro de otaku e/ou asian freak geralmente opera ao contrário.

Quando eu mostrei para os chineses que eu conhecia uma música em mandarim traduzida para o português, eles não se empolgaram. Mas ficaram felizes da vida quando eu achei música brasileira traduzida para o mandarim - situação esta que não me empolgou muito. Quando eu mostrei a Me para um deles, justamente aquele no qual ele estava mirando meus petardos, ele disse "Ah, você gosta de músicas com alvoroço..." Alvoroço??? Pô, a Me é cute, mas nem é tão overflowing cute assim... imagina o que sobraria pra uma Motteke! Sailor Fuku da vida?? Na verdade você não precisa imaginar, pq a resposta veio logo em seguida:

"Eu não gosto de músicas japonesas, elas têm muito alvoroço."

Traz o estetoscópio, eu acho que esse som que eu ouvi foi meu coração se partindo em mil pedaços.

Todo e qualquer otaku do gênero masculino adoraria ser chamado de onii-chan (irmão mais velho em japonês) por sua respectiva garota. Porém, conheci um coreano que odiava - odiava MESMO - ser chamado de oppa (irmão mais velho em coreano) por achar que isso era coisa de fangirl retardada acéfala. Mas e o lado da fangirl que, após finalmente conseguir seu próprio coreano e não poder chamá-lo de uma coisa tão básica quanto oppa, como é que fica? Como algo que era pra ser tão bom pode acabar tendo um gosto tão amargo no final?

Me quebra a cara como eles sempre acabam ficando com seus iguais no fim das contas. Isso é muito frequente. Cheguei a me perguntar se seria bom andar Àsia afora com um brasileiro. Claro que com certeza seria mais fácil, alguém com o mesmo background cultural que você e que pensaria mais similar a você do que um nativo. Alguém pra quem você pudesse se virar e dizer "Nossa, os japoneses são estranhos, eles falam de si próprios apontando para o nariz!" sabendo que a outra pessoa iria dizer "Sim, é verdade!". É esse o segredo?

Tuesday, November 10, 2009

Um enorme estojo pink

Faz tanto tempo que eu não posto nada aqui que, tanto para os amigos antigos que não têm notícias desde séculos atrás quanto para os amigos novos que estão chegando, começo esse post com um breve resumo sobre a atual situação por aqui: eu estou fazendo nove cadeiras na faculdade, dando aulas de inglês três vezes por semana e tendo aula de coreano uma vez por semana (안녕하세요, 제 이름은 줄리아입니다!...ou algo assim, ainda não cheguei nessa lição. :P). Ah, sim, e estou solteira, mas isso é assunto pra outra hora.

Dado tudo o que foi mencionado aí em cima, creio que comentários sobre meu nível de cansaço sejam desnecessários. x_x Ontem não conseguia dormir devido à dor nas pernas. E, aliás, emagreci oito quilos desde que comecei a trabalhar. Como as aulas que eu leciono são à noite, parei de jantar - simplesmente pq não dá TEMPO pra isso. Se você tem tempo pra comer - e eu disse se - é tempo pra beliscar algo, e não devorar um prato de arroz com feijão. No começo, claro, eu achava horrível, terrível, uma verdadeira violação dos direitos humanos. Mas, com umas três semanas de "prática", você fica perfeitamente acostumado a isso. E, até você ter tempo para parar e comer, você chega em um ponto que o cansaço é bem maior do que a fome já, e aí você acaba comendo algo não tão grande assim. Ou seja, caso alguém me pergunte o que deve fazer pra emagrecer, eu vou recomendar que a pessoa vá trabalhar. xD

Ser professor é algo realmente, realmente complicado. Implica ter respostas na ponta da língua pra tudo. E não apenas em relação ao uso do possessivo ou explicar as diferenças entre os tempos verbais. Tá, ter tudo isso na ponta da língua é complexo, mas não é praticamente nada perto de saber o que responder quando sua aluna de oito anos pergunta "teacher, pq eles não gostam de mim?" Agora entendo pq sempre pedem experiência nos anúncios de emprego: não tê-la faz toda a diferença! >_< Mas enfim, eu passei na entrevista e essa vaga é minha (a quase três meses, aliás), portanto significa que terceiros confiaram em mim e a tendência é que as coisas melhorem a medida que o tal ser chamado experiência se faça mais e mais presente na minha vida.

Ah, sim. E tem a minha coordenadora. Ela parece ser um personagem criado sob medida pra agradar a minha mãe e a mim ao mesmo tempo. Ela tem dez anos de idade a mais do que eu, uma maquiagem totalmente impecável e passa o dia em cima de botas de cano longo e salto fino. Minha mãe a acharia lindíssima. Porém, o que chamou a minha atenção foi que, ao lado do do iPhone e da bolsa Dolce&Gabanna (seja lá como se escreve isso), ela tem um fichário da Pucca e um enorme estojo pink da Pequena Sereia. E ninguém a chama de infantil, muito pelo contrário! O que é totalmente diferente de o que acontece com esta humilde narradora quando ela resolve, digamos, utilizar uma blusa da Hello Kitty ou whatever. Ou seja, eu preciso adquirir o skill de andar de botas de salto fino e relacionados para que isso me dê a liberdade de usar o que eu de fato gostaria de usar. Por mais que eu e, principalmente, outros perto de mim tenham tentado, cheguei à conclusão de que não há como tirar certas coisas da minha vida. Não quero dizer que meu futuro marido vá viver no Hello Kitty Hell ou coisa do tipo (eu adoro a Hello Kitty, mas eu mesma não aguentaria viver do mesmo jeito que o autor do Hello Kitty Hell, sério. Muita informação. x_x).

Eu já joguei coisas da Hello Kitty fora. Já vi as amigas que assistia anime comigo dizer que cresceu e passou dessa fase. Já tentei desistir de ir pro outro lado do mundo. E quer saber? Isso não me fez bem. Ou seja, it took me a while pra perceber que a coisa mais importante era só ser eu mesma. Mais importante do que qualquer coisa ou do que alguém.