Thursday, July 12, 2007

RC: Insistentes.

Take my hand, and if I'm lying to you
I'll always be alone if I'm lying to you
Take your time and if I'm lying to you
I know you'll find that you believe me
You believe me

Take my Hand, Dido



- Eu não sei o que fazer da vida.
- Hein? - disse ela, aparentemente pega de surpresa com a frase dele.
- Eu não sei o que fazer da vida!
- Como assim? - disse ela, com tom de quem repetia a frase.
- Eu...eu não sei! - disse ele, abrindo os braços. Ela escorou a cabeça no ombro dele, mas sem tirar os olhos da TV que, sintonizada da MTV, mostrava um clipe qualquer.
Os dois estavam sentados no sofá da sala, em uma cena que teria uma completa cara de ressaca se não fosse o fato de que ambos estavam sóbrios. Apesar disso, havia um pouco de sono para inebriar os pensamentos deles. Claro, afinal a cena nunca pode ser perfeita.
Ele olhava com olhos vidrados toda essa atmosfera mostrada na TV, os clipes e toda a aparentemente glamurosa vida de músico. Money for nothing and chicks for free. Tudo isso parecia tão atraente para um menino que passara a adolescência trancado no seu quarto arrancando notas solitárias do seu violão.
Quebrando o silêncio, a mão dela pousou sobre a dele.
- Quer ajuda?
Ele olhou para ela de volta.
- Quer ajuda para descobrir o que você vai fazer da sua vida? - ela repetiu.
Ele queria dizer que sim. Queria mesmo. Mas tudo o que passava na sua mente eram dúvidas, medos e inseguranças, chamativos e insistentes como letreiros de neon na noite da Capital seriam para um alguém da Região Metropolitana.
Ele escorou a cabeça na cabeça dela, em silêncio mas sorrindo.
Era hora de ele virar um homem. Pois é nessa hora, na hora em que você sabe que deve abandonar sonhos inalcançáveis, que os meninos se tornam homens.