Sunday, May 08, 2011

Muita coisa entre perdas e ganhos

Ela já perdeu um bocado de coisas nessa vida. Uma delas foi o querer fazer poesias, que a própria faculdade lhe tirou. Ela inclusive já foi repreendida por escrever em terceira pessoa, mas assim eu escrevo por ela enquanto ela está ali adiante lutando contra o medo.
Ela já perdeu um bocado de coisas nessa vida, e estava se recuperando de mais uma dessas perdas quando ele apareceu. Era estranho demais para ela alguém pegar uma menina que conhecera a poucas horas antes e leva-la para o meio da roda. Houve quem dissesse que não era nada. Houve quem dissesse que era tudo. E ela continuava achando ele um cara estranho.
Estava plantada a semente. E a questão é que, depois de plantada a semente, como fazer para impedir que ela crescesse?
E ela queria fazer aquela voz cansada se animar. E ela queria fazer aquele rosto cansado sorrir. E ela estava tão preocupada com ele que não prestou atenção em como andava a semente dentro dela mesma. E ela ficava quieta, sem falar pra ninguém o quanto ele a fazia feliz cada vez que ela conseguia o deixar ao menos um pouquinho mais feliz.
A medida que a história avançava, cada vez mais personagens entravam em cena e constituíam intrincados polígonos amorosos dignos de um shoujo mangá desses que ela gostava de ler. E ela tentava se dar bem como todos, sem odiar e nem ter odiado ninguém. Ela nunca odiou ninguém nessa história, inclusive a outra garota que provavelmente agora a odeia. Ela queria que a outra garota soubesse que ela já passou por coisas bem parecidas e que ela queria ajudá-la, e ela quer saber se ainda adianta tentar lhe estender a mão para que sejam amigas. Ela também já ficou chorando sozinha em uma barraca, e ela não quer que a outra garota fique lá pra sempre. Porém, ela não pode negar que também não quer que ela prenda ele dentro da mesma barraca também.
E quando o medo, esse bicho papão que mora embaixo de nossas camas, passou a ser um personagem da história, ela ficou com medo de perdê-lo. E esse medo lutou com a semente dentro dela e, agredindo-a, fez com que a semente explodisse. Quando ela explodiu, o sentimento dentro dela mostrou seu verdadeiro tamanho e se espalhou rápido, cerceando--a como uma trepadeira a uma árvore. Não demorou muito para que as coisas também explodissem do lado de fora, girando desordenadamente como roupas numa máquina de lavar. E ao tentarem dar nome às coisas, surgiram conversas sérias que ela odiava, pois não via nelas nenhuma brecha para fazê-lo mais feliz.
Se ela ganhasse um real para cada vez que ele disse que não queria magoá-la, ela já estaria rica. E, se ela estivesse rica, poderia ela comprar para ele presentes como a outra garota fazia?
Outra coisa que ela aprendeu na faculdade foi a escrever tudo tendo em vista o interlocutor - ou seja, quem vai ler. Mas ele escreve uma poesia sem estrutura e deixa os óculos roxos dela olhando fixamente para o monitor que os reflete enquanto os olhos dela se ocupam em tentar decifrar as palavras dele. Uma bagunça que parece familiar quando ela lembra daquele guri bobo que corria pra atravessar a rua com o sinal aberto ou que teimava em fazer sinal pros ônibus que não iriam parar. Mas que não parece vir do homem que segurou forte a sua mão enquanto lhe falava coisas no ouvido.
Ela disse que gostaria de poder lhe explicar o que ele quer saber, mas ela também não sabe. Mas ela disse que, se você não tiver outro lugar pra voltar, você pode voltar para onde ela está. Ela ainda não sabe bem o que ele gosta de comer, mas ela sabe fazer uns sanduíches vegatarianos que ela aprendeu a fazer com a mãe dela, e que são bons. Ela também te deixa usar o Game Boy e fuçar no celular até descobrir pra que servem aqueles dois botões estranhos. Ela não é perfeita e ainda está ocupada lutando contra seus próprios medos. Ela não promete parar de ouvir suas músicas pop com foguetes cor de rosa pq algumas delas dizem justamente o que ela queria dizer a ele. Mas ela promete se esforçar. E, se ele quiser ficar mais tempo, ela até tira os bichinhos de pelúcia, aqueles que ele queria jogar no chão, de cima da cama. Se ele quiser vir, ela não se importa de esperar.

Tuesday, November 09, 2010

"Mas todo mundo é famoso na Internet!"

Escrevo esse texto chorando, e podem chamar o motivo de idiota, nem me importo mais. Enfim ...

Um belo dia, eu vi na TV um cara parecidíssimo com o menino por quem eu sou/era/seiláqualtempoverbalcolocaraqui apaixonada. Mas muito parecido meeeesmo. Tipo físico, voz, piadas, preferências, eles são praticamente clones um do outro. Mas, como só tem uma TV na casa e ela não é exclusivamente minha, só fiquei de relance, sem conseguir de fato parar pra assistir o tal programa, sem saber quem o tal moço era e sem ter um nome pra jogar no Google. E assim se passaram alguns meses.

Agora que minha mãe voltou a trabalhar e eu passei a ter mais momentos sozinha em casa que eu consegui assistir o tal programa. E, finalmente, tinha um nome pra jogar no Google, que alegria! :D Já estava reunindo coragem pra mandar uma DM pra ele no Twitter quando...

...quando a busca do Google me diz que o cara é CASADO. Não, não é "namorando", não é "pegando alguém desde a festa desse último fim de semana", é casado. Ca-sa-do.

Quanto mais eu rezo, mais assombração aparece. Pra quê diabos existe essa modernidade, que teoricamente coloca a gente mais perto de pessoas famosas, quando na verdade a gente não está perto coisíssima nenhuma? De que adianta seguir alguém que nem sabe que vc existe??

Será que, se eu fosse famosa, teria alguma chance? Se eu tivesse 2000 seguidores no Twitter ou qualquer coisa do tipo? Se eu tivesse feito segundo grau de Técnico de Informática ao invés de Magistério...

Podem rir. Desde o dia em que eu esqueci o aniversário do Henry depois de ter passado literalmente meses e meses pensando no que eu faria, eu nem sei mais o que pensar a respeito. Dele, de caras em geral, de tudo, e até de mim mesma. Mas o que eu tenho certeza é de que eu queria que a minha vida mudasse um pouquinho, pra variar.

(째깍째깍) 시간이 흘러도 ...


Wednesday, June 23, 2010

Dois mais dois são quatro, e casacos são casacos....ou não?

Aí a discussão via e-mail questionando se Han Solo ganharia uma luta contra James T. Kirk foi interrompida por um e-mail.
Por um e-mail de uma loja de roupas.
E quando foi que eu me cadastrei pra receber e-mails de uma loja de roupas na qual eu nunca comprei nada? Tá, eu tenho um par de brincos da loja em questão. Um par de brincos que custou R$ 20,00. O par de brincos que eu estou usando enquanto digito isso. Mas eles foram um presente. Talvez tenha sido dessa maneira que meu e-mail foi parar em mãos da tal loja...
Ok, o que fazer com um e-mail cheio de fotos de roupas? Olhar as roupas, oras. Por motivos que deixariam este post longo demais caso eu os fosse explicar, eu preciso mesmo renovar o guarda-roupa...
Aí eu olhei um casaquinho xadrez bonitinho.
MAS a legenda embaixo da foto diz que NÃO, não é um casaco. É um spencer.
...ahn?
É um casaco. Ou, se o tecido for fininho, uma camisa. Como assim, spencer?
Mais adiante, outro casaco bonitinho.
NÃO, não é um casaco! É um casaqueto! Casaqueto? Pra usar enquanto vc toca um minueto? Não, não é uma tentativa infame de trocadilho, a rima realmente veio na minha mente quando eu li isso.

Ô, joça. Assim não dá! Preciso de uma amiga. Ou de um amigo gay.
Fechei o e-mail e comecei a me questionar. Bem, eu sei que eu estou usando um casaco pq ele é comprido. Um casaco, uma blusa de lã, uma saia, legging e um par de botas. Bem, ou ao menos eu acho. Sei lá, depois que coisas desse tipo acontecem, o mundo torna-se uma incógnita e eu me sinto um peixe fora d’água. Onde é meu lugar afinal?

Wednesday, April 07, 2010

소원을 말해봐! Diga o que você deseja!

Às vezes fico em dúvida do que eu quero sim. Acho que ninguém tem, de fato, certeza absoluta de tudo.
Um dia desses, na semana passada, meus pensamentos andaram se abasileirando mais um pouco, nem lembro mais qual foi o motivo. E eu, virtualmente, acabei recebendo uma resposta de Deus, do Universo, do Google, de seja lá como vcs preferirem chamar. Enfim, uma resposta. Eu fui no Antônio comprar café (tava quase dormindo na aula) e a garota que parou na minha frente na fila - e que eu nunca tinha visto na vida - era professora do Português pra Estrangeiros. Descobri isso meio segundo depois pq, logo atrás dela, veio uma chinesa, com um copo de café na mão. Vou poupar vocês da enorme lista com que eu adjetivaria a chinesa (que culpa eu tenho de que ela era tão linda?T_T). O sotaque e as roupas denunciavam claramente que era uma chinesa importada, e não made in Brazil. Ela começou a inquerir da professora sobre os hábitos dos brasileiros durante a Páscoa. Aí, em uma determinada parte da explicação, a professora dela titubeou e eu entrei na conversa. Ela disse coisas sobre feriados chineses (coisas que eu já sabia faz séculos, mas não me incomodei nem um pouco de ouvir de novo). A conversa não durou muito, acabando com um sorriso da parte da chinesa já mencionada.
(Para os fãs de anime: sabe aquele tipo de cena em que o personagem termina de falar, dá um gigglezinho e sorri, com cara de ^-^ ? Pois isso existe, foi exatamente o que ela fez. *-*)
Apesar de tudo isso, hoje novamente meus pensamentos estavam se abrasileirando. Não sei bem de quem era a culpa. Talvez fosse pelo CD dos Beep-Polares (às vezes eu penso que gostaria que o Igor Cotrim não existisse, ele mexe demais comigo, pqp *-*).Talvez fosse pelo fato de que eu até acho meu professor de Literatura Portuguesa um pouco ...er...simpático (podemos pular essa parte? >.>). Mas fato é que, hoje, meus pensamentos andavam mais ocidentais do que a média. Especificamente, mais brasileiros.
Provavelmente julgando que a uma chinesa da semana anterior não foi suficiente, dessa vez o Andar de Cima me jogou nove coreanas e cinco coreanos na cara.
Eu estava subindo a Doutor Flores em direção ao campus centro. E, normal, nessa rua tem 4735648 lojas de eletrodomésticos. Vitrines e vitrines cheias de tvs, claro, Copa do Mundo, todos querem tvs. Tvs, grandes e pequenas, todas ligadas em alguma coisa: canais de TV aberta, canais de tv paga, vídeos de esporte, trailers de filmes, corações cor-de-rosa fluorescentes...
Peraí, corações cor-de-rosa fluorescentes?
Parei na frente da loja. Cinco tvs Samsung exibindo a mesma coisa: Genie, do SNSD.
Eu comecei a gritar. Mentalmente, claro. A qualidade da imagem era tão absurdamente boa que você poderia contar os cílios de cada uma delas (devidamente encharcados de rímel). Eu simplesmente fiquei parada na frente da loja assistindo. Como eu parei na contramão do fluxo da rua (o que eu posso fazer se ao contrário ficava melhor?), uma ou outra pessoa que passava na frente da loja até virava seu olhar para a tv, mas aparentemente ninguém mais teve uma reação similar a que eu tive.
Cinco tvs enormes passando SNSD. Você desviava o olhar de um lado para outro e eles estavam lá. Era de entorpecer. E isso que eu nem sou muito fã delas!
소원을 말해봐? É irônico, já que isso apareceu justamente quando eu titubeei por um instante a respeito do que eu queria.
Quando acabou o vídeo, apareceu o logo da Samsung, e uma mensagem de "procurando sinal". Sem nem ao menos saber se passaria mais algum MV, eu comecei a torcer que passasse Super Junior (onde cabe um MV, cabem dois MVs, oras!). Como para me lembrar que no momento eu estou mais para hetero do que para homo, começou Wrong Number do DBSK.
Omg. OMG!
A SM Entertainment deve ter pago uma grana preta por todos esses DVDzinhos de demonstração espalhados ao redor do mundo...
Não, eu não sou fã de DBSK. Mas não se pode negar certos fatos óbvios: o céu é azul, a água é molhada e os caras do DBSK são extremamente gatos. Foi com DBSK que eu fiz uma amiga minha demonstrar um leve interesse por K-Pop: eu mostrei um vídeo pra tirar sarro da cara deles e ela os achou bonitos. E, por algum motivo insano de mente insana de fã insana que eu sou, o Yunho de terno me lembrou do Henry na Super Girl. O que me levou a imaginar o Henry na banheira. O que me levou a agradecer quando o clipe acabou e começou a passar um trailer de Harry Potter, pois toda aquela high resolution hotness tava acabando com a minha sanidade já. Talvez tenha até sido bom não ter passado Super Junior: a porta da loja não seria um bom local para se ter um enfarto.
Hoje o Universo me disse: 소원을 말해봐. Hora de levantar a cabeça pra cima e dizer: Ok, Universo, eu entendi a mensagem, eu já sei o que eu quero.

Tuesday, December 08, 2009

Don't stop believing

Just a small town girl
Livin' in a lonely world
She took the midnight train goin' anywhere

Don't stop believing, Glee Cast



Então, um amigo meu me recomendou Glee, uma série que passa na Fox. Meu primeiro contato com a série foi uma música, a qual eu achei legal mas não exatamente surpreendente. Joguei no Google Images e ainda estava muito WASP pro meu gosto (mesmo com meu amigo tendo dito que "só os losers cantavam no coral" da série, eles não pareciam losers nas fotos.). Até que, entre uma resenha e outra de Inglês, joguei Glee no Yahoo Respostas, esperando encontrar algo no estilo de "Você acha que Fulano fica com Beltrana?", mas não achei nada além de links para download. Então, acabei baixando o primeiro capítulo da série.

Para quem não tem a mínima idéia de o que a série fala a respeito, ela segue o grupo de canto coral de uma escola de segundo grau americana e o professor que os dirige. E, nas já mencionadas palavras do meu amigo, só os losers cantam no coral. Devo acrescentar aqui o fato de que eu mesma já cantei no coral da escola por um ano no primeiro grau? xD Ah, obviamente, o post conterá alguns spoilers, mas apenas do primeiro capítulo, acho que não será mto prejudicial pra quem quiser assistir.

Fico tentada a começar esse post falando da "loser megalomaníaca" Rachel, mas primeiramente , aproveitarei para falar de mais algumas coisas que eu já queria falar aqui faz tempo e começarei falando do professor Schu - que, aliás, é a cara do meu professor de desenho de quando eu tinha uns 12 anos. Do professor de desenho que, aliás, largou os cursos de desenho pra trabalhar em fábricas com o intuito de ganhar mais. Quem já assistiu a série provavelmente achará essa coincidência bizarra, então vocês devem ter uma idéia de como eu fiquei quando vi isso.

Eu sou uma professora. Às vezes ainda me esqueço disso quando me perguntam a minha profissão. E a posição em que eu estou, de estar no fim da faculdade e começo da, digamos, vida profissional, é extreeeemamente complicada. Eu sei inglês, disso eu estou segura. Mas saber inglês não te garante que você consiga ensinar inglês, e tem momentos em que parece que você não aprendeu absolutamente nada na faculdade. E eu sei que essa parte eu já mencionei de leve por aqui, mas é uma questão que aparece praticamente todo o dia - mais ou menos do jeito que certas questões ficam aparecendo para o professor Schu. Na faculdade, você lê pilhas de teóricos e eles fazem questão de te mostrar como é a realidade, aquele monstro chamado realidade estrelando os alunos de escolas públicas que quebram portas e etc etc. E depois, quando você começa a trabalhar, você vê os outros professores reclamando. Sério, professores reclamam muito.

Eu comentei com uma das professoras o que eu poderia fazer pra meus alunos (crianças de 8~9 anos) gostarem mais de mim. A resposta dela? "Eles não gostam de ninguém." E, embora eu já tivesse ouvido no Magistério a piada da professora estagiária carregando cartazes (pq só as estagiárias se estressariam pra fazer coisas novas) , acabei repetindo a cena ao mexer na caixa empoeirada de jogos da escola onde eu dou aula. Isso tudo para, depois, meus alunos (as mesmas crianças de 8~9 anos) chamarem o jogo que eu escolhi de idiota.

E, mesmo assim, a gente ainda pensa neles no fim de semana, tentando planejar a aula de segunda. Eu mesma, tendo mails de alguém importante pra responder e um tempo relativamente livre pra pensar no assunto, me peguei pensando em o que fazer para que meus alunos parassem de implicar com a aluna nerd (oito anos de idade) da minha turma. É algo que gruda em vc feito chiclete de uma forma impressionante.

Aliás, as crianças dessa turma são uma coisa impressionante per se. Tenho uma futura atriz, um futuro goleiro (do Inter e da seleção brasileira) e uma menina que anda a cavalos, essa última sendo a nerd em questão. E essa última tem me ensinado uma das mais difíceis lições até o momento.

Eu adoro essa menina. Sério, eu tenho vontade de sequestrá-la e criá-la como se fosse minha filha, de assistir animes com ela e de levá-la a todas as bibliotecas da UFRGS (ela gosta de biblios grandes). Claro que eu nunca poderia fazer isso, ela não tem nada em comum comigo fisicamente a não ser os óculos (ambos roxos, aliás), e nunca passaria por minha filha. Eu, obviamente, não posso fazer nada disso. E essa situação é muito mais difícil do que parece! Quem acha que um amor platônico é o fim do mundo não tem idéia do que é isso. Um professor precisa ser neutro, ele não pode gostar muito dos alunos. Ou, na pior das hipóteses, ele gosta e guarda isso pra si.

Depois que a história com o último garoto com o qual eu tentei não deu certo, eu atingi a impressionante marca de quatro meses (julho ~novembro) sem me interessar por ninguém. Eu atingi isso mantendo a minha cabeça ocupada com sonhos envolvendo meus cantores favoritos e a possibilidade de realizar alguns dos meus grandes sonhos de uma tacada só (ir para a Ásia, cantar e ter um namorado asiático). Eu nunca tive estudo em relação a canto e nunca aprendi a tocar o instrumento que eu acho o mais lindo de todos (violino), tanto pq a minha família não tinha dinheiro pra essas coisas quanto pela religião na qual eu cresci. Se eu fosse asiática e fosse daquelas pessoas que estudam música desde os cinco ou seis anos de idade, provavelmente aos doze ou treze eu teria fugido de casa pra fazer audition pra alguma gravadora asiática. Foi em torno dessa idade que a maioria das meninas do SNSD foram contratadas...

Apesar disso, cantar é um sonho que eu não consigo chutar totalmente. Sim, eu gostaria de ser famosa e nem meu terapeuta conseguiu tirar isso da minha cabeça (taí meu ponto de identificação com a Rachel, entenderam?)! E, como eu não tenho estudo nessa área, continuo tentando fazer com que o chapéu de "talento inato" entre na minha cabeça. E aí vcs olham pro título do post e se perguntam: como assim, don't stop believing? Acreditar no quê afinal? Em que dá pra ter uma boa vida como professora ou em um sonho tão fácil de atingir quanto um pulo por cima da lua? Eu, sinceramente, não sei. Mas não dá pra ter certeza de tudo, e é essa uma das coisas que professores aprendem: a driblar o medo e passar segurança que às vezes nem vc tem certeza de que vc tem.

Thursday, November 12, 2009

Chocolate meio amargo

I got you babe, I call,
I call it chocolate love
Norul wonhe, gajilre
Dalkom dalkom oh chocolate love


Chocolate Love, SNSD & f(x)




Embora meu acesso à Internet dependa dos laboratórios de informática da minha faculdade, eu raramente uso o laboratório do meu próprio curso. Hoje, por algum motivo que eu nem lembro mais, resolvi ir até o mesmo. E deveria ter predito que coisa boa não sairia.

Cheguei lá e o funcionário responsável pelo laboratório não estava. Abri de leve a porta do laboratório e vi o que me parecia uma turma em aula lá dentro. Mas, como não tinha nenhum bilhete ou aviso de "estamos em aula" ou coisa parecida, eu dei a volta e fui espiar pela janela, pra ter certeza. O preguejar que eu estava mentalmente fazendo contra o funcionário do laboratório foi interrompido pela visão de cerca de vinte e cinco pares de olhos puxados dentro do laboratório. Era uma turma de português pra estrangeiros. Enquanto eu mentalmente babava em cima deles, ouvi uma voz falar do fundo da sala "Ok, meninas, vocês agora", e duas garotas foram pra frente da sala e começaram e começaram a falar num português carregado de sotaque enquanto arrumavam o powerpoint para o que seria uma apresentação. Comecei a correr os olhos pela turma, começando pelo fundo da sala pq o fundo estava mais perto da janela, analisando detalhes dos diferentes olhos puxados sentados ali (sim, eu posso ser extremamente cara-de-pau quando eu julgo ser preciso e/ou necessário). Até que, na primeira fileira (nerd we are), estava sentado alguém que eu não esperava ver tão cedo.

Para quem não sabe da história ou não acompanhou a história inteira: com o pretexto de ajudá-lo com português, sua humilde narradora puxou conversa com um aluno chinês do português pra estrangeiros semestre passado. Tudo ia bem até que o garoto subitamente desapareceu e, cerca de um mês depois, foi visto namorando uma aluna chinesa, também do português para estrangeiros. E era ele que estava lá em aula hoje, na primeira fileira.

Se eu ganhasse um real pra cada cara que some sem dar explicações, já teria um bom dinheirinho.

Em um primeiro momento, realmente me parecia bom falar com ele: afinal, o que mais uma otaku poderia querer além de seu próprio par de olhos puxados de estimação? Parecia realmente ter chegado ao ponto de se poder cantarolar Life Couldn't Get Better all day long.

Porém, eu estava me esquecendo de um detalhe extremamente básico, que porém se mostrou muito relevante conforme o tempo avançou mais: os alunos chineses/coreanos/japoneses que vieram para o Brasil estudar português acham que aqui eles terão algo melhor do que teriam no seu país de origem, enquanto um cérebro de otaku e/ou asian freak geralmente opera ao contrário.

Quando eu mostrei para os chineses que eu conhecia uma música em mandarim traduzida para o português, eles não se empolgaram. Mas ficaram felizes da vida quando eu achei música brasileira traduzida para o mandarim - situação esta que não me empolgou muito. Quando eu mostrei a Me para um deles, justamente aquele no qual ele estava mirando meus petardos, ele disse "Ah, você gosta de músicas com alvoroço..." Alvoroço??? Pô, a Me é cute, mas nem é tão overflowing cute assim... imagina o que sobraria pra uma Motteke! Sailor Fuku da vida?? Na verdade você não precisa imaginar, pq a resposta veio logo em seguida:

"Eu não gosto de músicas japonesas, elas têm muito alvoroço."

Traz o estetoscópio, eu acho que esse som que eu ouvi foi meu coração se partindo em mil pedaços.

Todo e qualquer otaku do gênero masculino adoraria ser chamado de onii-chan (irmão mais velho em japonês) por sua respectiva garota. Porém, conheci um coreano que odiava - odiava MESMO - ser chamado de oppa (irmão mais velho em coreano) por achar que isso era coisa de fangirl retardada acéfala. Mas e o lado da fangirl que, após finalmente conseguir seu próprio coreano e não poder chamá-lo de uma coisa tão básica quanto oppa, como é que fica? Como algo que era pra ser tão bom pode acabar tendo um gosto tão amargo no final?

Me quebra a cara como eles sempre acabam ficando com seus iguais no fim das contas. Isso é muito frequente. Cheguei a me perguntar se seria bom andar Àsia afora com um brasileiro. Claro que com certeza seria mais fácil, alguém com o mesmo background cultural que você e que pensaria mais similar a você do que um nativo. Alguém pra quem você pudesse se virar e dizer "Nossa, os japoneses são estranhos, eles falam de si próprios apontando para o nariz!" sabendo que a outra pessoa iria dizer "Sim, é verdade!". É esse o segredo?

Tuesday, November 10, 2009

Um enorme estojo pink

Faz tanto tempo que eu não posto nada aqui que, tanto para os amigos antigos que não têm notícias desde séculos atrás quanto para os amigos novos que estão chegando, começo esse post com um breve resumo sobre a atual situação por aqui: eu estou fazendo nove cadeiras na faculdade, dando aulas de inglês três vezes por semana e tendo aula de coreano uma vez por semana (안녕하세요, 제 이름은 줄리아입니다!...ou algo assim, ainda não cheguei nessa lição. :P). Ah, sim, e estou solteira, mas isso é assunto pra outra hora.

Dado tudo o que foi mencionado aí em cima, creio que comentários sobre meu nível de cansaço sejam desnecessários. x_x Ontem não conseguia dormir devido à dor nas pernas. E, aliás, emagreci oito quilos desde que comecei a trabalhar. Como as aulas que eu leciono são à noite, parei de jantar - simplesmente pq não dá TEMPO pra isso. Se você tem tempo pra comer - e eu disse se - é tempo pra beliscar algo, e não devorar um prato de arroz com feijão. No começo, claro, eu achava horrível, terrível, uma verdadeira violação dos direitos humanos. Mas, com umas três semanas de "prática", você fica perfeitamente acostumado a isso. E, até você ter tempo para parar e comer, você chega em um ponto que o cansaço é bem maior do que a fome já, e aí você acaba comendo algo não tão grande assim. Ou seja, caso alguém me pergunte o que deve fazer pra emagrecer, eu vou recomendar que a pessoa vá trabalhar. xD

Ser professor é algo realmente, realmente complicado. Implica ter respostas na ponta da língua pra tudo. E não apenas em relação ao uso do possessivo ou explicar as diferenças entre os tempos verbais. Tá, ter tudo isso na ponta da língua é complexo, mas não é praticamente nada perto de saber o que responder quando sua aluna de oito anos pergunta "teacher, pq eles não gostam de mim?" Agora entendo pq sempre pedem experiência nos anúncios de emprego: não tê-la faz toda a diferença! >_< Mas enfim, eu passei na entrevista e essa vaga é minha (a quase três meses, aliás), portanto significa que terceiros confiaram em mim e a tendência é que as coisas melhorem a medida que o tal ser chamado experiência se faça mais e mais presente na minha vida.

Ah, sim. E tem a minha coordenadora. Ela parece ser um personagem criado sob medida pra agradar a minha mãe e a mim ao mesmo tempo. Ela tem dez anos de idade a mais do que eu, uma maquiagem totalmente impecável e passa o dia em cima de botas de cano longo e salto fino. Minha mãe a acharia lindíssima. Porém, o que chamou a minha atenção foi que, ao lado do do iPhone e da bolsa Dolce&Gabanna (seja lá como se escreve isso), ela tem um fichário da Pucca e um enorme estojo pink da Pequena Sereia. E ninguém a chama de infantil, muito pelo contrário! O que é totalmente diferente de o que acontece com esta humilde narradora quando ela resolve, digamos, utilizar uma blusa da Hello Kitty ou whatever. Ou seja, eu preciso adquirir o skill de andar de botas de salto fino e relacionados para que isso me dê a liberdade de usar o que eu de fato gostaria de usar. Por mais que eu e, principalmente, outros perto de mim tenham tentado, cheguei à conclusão de que não há como tirar certas coisas da minha vida. Não quero dizer que meu futuro marido vá viver no Hello Kitty Hell ou coisa do tipo (eu adoro a Hello Kitty, mas eu mesma não aguentaria viver do mesmo jeito que o autor do Hello Kitty Hell, sério. Muita informação. x_x).

Eu já joguei coisas da Hello Kitty fora. Já vi as amigas que assistia anime comigo dizer que cresceu e passou dessa fase. Já tentei desistir de ir pro outro lado do mundo. E quer saber? Isso não me fez bem. Ou seja, it took me a while pra perceber que a coisa mais importante era só ser eu mesma. Mais importante do que qualquer coisa ou do que alguém.